Cidades esquecidas e turbulentas é nossa constatação depois de caminhar 45 min. por região central e, antigamente nobre, de Porto Alegre. E, certamente uma realidade comum à maioria das grandes cidades do Brasil. Prefeitos e vereadores esqueceram seu papel e a importância da função pública ao longo dos últimos 20 anos. Atualmente João Dória Jr. e não mais q meia dúzia de novos Prefeitos e Câmaras Municipais, estão recomeçando a lembrar-se das cidades e dos objetivos básicos da fortuna arrecadada em impostos. Esta dinheirama, na maioria dos casos, tem virado salários e pagto. dos cargos (amigos) comissionados – quase nada investidos em parques, embelezamento das cidades e mobilidade urbana.
Cidades e Pessoas – Algumas reflexões
Tive o privilégio de ser contemporâneo de Mário Quintana em Porto Alegre e encontrá-lo no mínimo 3 a 4 vezes em ruas e praça da cidade. Uma pessoa de mais de 80 anos, simples, gentil e interessante. Tão interessante que lembrei imediatamente dele ao olhar prédios e esquinas próximas de onde vivia. O q ele pensaria da Porto Alegre pichada, suja e perigosa de hoje ?E, estivesse vivo na época atual, escreveria o belo poema “O Mapa”, com o mesmo conteúdo ?O MapaOlho o mapa da cidade / Como quem examinasse / A anatomia de um corpo… (É nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita / Das ruas de Porto Alegre / Onde jamais passarei… Há tanta esquina esquisita, / Tanta nuança de paredes, / Há tanta moça bonita / Nas ruas q não andei (E há uma rua encantada. Que nem em sonhos sonhei…) Quando eu for, um dia desses, / Poeira ou folha levada / No vento da madrugada, / Serei um pouco do nada / Invisível, delicioso Que faz com q o teu ar / Pareça mais um olhar, / Suave mistério amoroso, / Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso…E assim, tentando responder aos dois questionamentos acima, creio que há duas frases do Poema acima, onde um poeta certamente triste e preocupado, talvez dissesse: “Sinto uma dor infinita / Das ruas de Porto Alegre / Que jamais imaginei estariam em tal estado de abandono…” e ainda será que escreveria ” … Suave mistério amoroso, (??) / Cidade de meu andar”.
Na verdade o grande poeta não tem nada a ver c/ isto – é responsabilidade q cabe às autoridades que esqueceram a cidade. E, aos cidadãos moradores, q votaram neles e permitiram a degradação das ruas, dos parques, das fachadas chegar a tal estado. Além de MUITAS grades em portas e janelas, cracolândias, etc… Vi cidadãos de bem, presos / assustados e, talvez, vários bandidos a passear ! 🙁
E, vale ressaltar, que não é nada exclusivo (da antes) bela Porto Alegre; pois S. Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória q são locais que conheço, sofrem da mesma problemática. Leiam mais sobre isto em artigo da Revista Exame (10 mar 2017).
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