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Paradoxos de nosso tempo está referenciado em um de nossos primeiros artigos científicos escritos já no séc. XXI (Out.2001). Assim, iniciamos este século e milênio estudando, refletindo e reformulando muitas teorias e práticas ultrapassadas nos âmbitos pessoal e profissional. Fiquei muito feliz por me reencontrar em final de 2018 com esta publicação, decorrente de um MBA em Gestão Estratégica de Negócios (UFSC-FEPESE / 2001-02). Nos agradou também verificar o quanto a temática, do visionário escritor foi oportuna, além de demonstrar que ele estava correto nas análises e previsões de seu livro de 1995. A questão dos “paradoxos” é um tema que me tocou muito pois, ao longo de minha vida de pai, de marido, de profissional, de cidadão e agora avô, tenho vivenciado de forma prática as diversas questões paradoxais abordadas pelo autor, Charles Handy em seu livro “Era do Paradoxo: Dando um Sentido para o Futuro” – Ed. Makron Books.
Refletindo com o Autor sobre os 9 Paradoxos:
Sobre a questão dos Paradoxos de nosso Tempo o escritor, em linhas gerais, diz “… se quisermos enfrentar a turbulência da vida atual, precisamos começar achando um modo de organizá-la em nossas mentes. Até fazermos isso, nos sentiremos impotentes, vítimas de fatos além de nosso controle ou mesmo de nossa de compreender…”. E, assim, Charles Handy identificou “9 Paradoxos” principais. Nove maneiras de explicar o que está se passando em nossa sociedade atual, nestes primeiros anos do século XXI.
01- Paradoxo da Inteligência: o autor diz que: “A inteligência é uma nova forma de propriedade. Mas ela não se comporta como qualquer outra forma de propriedade, e aí está um paradoxo”. Nossa Reflexão: Concordamos com o autor e, ao longo destes mais de 42 anos que atuamos profissionalmente como engenheiro, executivo ou consultor de empresas fui uma testemunha viva da correção das afirmações sobre o valor e particularidade da inteligência. Há, de fato, um valor intrínseco e intangível que as pessoas agregam ao exercício motivado e focado do trabalho. Pessoas comprometidas com metas e resultados realizam verdadeiras mágicas. O paradoxo é que pensávamos que nossas empresas eram feitas de dinheiro. Finalmente descobrimos: as empresas são feitas de inteligência. Cultivar a inteligência é, literalmente o oposto de bajular as pessoas e, é infinitamente mais barato do que tocar os negócios exclusivamente com a força do capital. Sabem estas empresas que, quanto maior o estoque de inteligência, maior o seu potencial. Quanto mais apurada a qualidade da inteligência, mais alto o grau de tecnologia empregado no processo, e portanto, melhores condições competitivas.
02– Paradoxo do Trabalho: sobre este paradoxo o autor diz: “Todos precisamos de algo para fazer. A atividade é natural. É difícil saber porque deve haver qualquer falta dela. Todavia, a inatividade forçada parece ser o preço que estamos pagando por conta das novas tecnologias e pela busca de melhor eficiência e produtividade”. Nossa Reflexão: Sobre a temática “Trabalho” nossa experiência tem demonstrado que a base para ser bem remunerado e competitivo é a partir da eficiência da equipe, ou melhor, do time. Tal sinergia exige perfeita sintonia e um grande desapego à questões pessoais. Salvo algumas exceções, não são mais tão importantes e reconhecidos os resultados individuais. Talento hoje é exigência do mercado e, portanto, é tratado como coisa séria, como condição básica. Vivemos a era da queda dos castelos e das ilhas dentro das organizações. A inteligência empresarial está mudando de forma acelerada. Os Adm.s com ferramentas do passado, hoje não tem a menor chance de sucesso nas empresas da nova economia. As decisões administrativas de hoje derivam, em grande parte, de processos de inteligência competitiva. O momento que atualmente vivemos é um divisor de águas, pois há milhões de Desempregados – “Analfabetos Funcionais”. Isto é realmente digno de profunda reflexão. É o marco entre o passado e o futuro. Se alguém resolver ficar parado, sem agir, apenas observando, certamente fará parte dos milhões de “Sem Trabalho”.
03– Paradoxo da Produtividade: o escritor cita que: “A produtividade significa sempre mais e melhor trabalho para cada vez menos gente. Isso é bom para o cliente e bom para a empresa, seja ela um negócio ou qualquer serviço público. O paradoxo é que vc. pode então realmente reduzir o trabalho que é feito, embora a economia pareça crescer. Remunerando o trabalho, transformamos a “atividade” em uma “tarefa” e assim criamos empregos”. Nossa Reflexão: O homem inteligente e motivado, numa visão simplificada, é o único ser capaz de se reprogramar a qualquer instante quando trata de buscar a superação de suas próprias limitações produtivas em prol de sua sobrevivência. As pessoas devem buscar o melhor aproveitamento do seu potencial, desta forma, farão diferença no seu mundo pessoal, de sua família e da comunidade onde habitam – foco de nosso Post e Hashtag – #CidadaniaAtiva. No moderno conceito de empresa, onde busca-se altos padrões de produtividade a organização é encarada como um organismo vivo, onde se estuda (Learning Organization), e se aprende continuamente. Ela é constituído, em sua essência, por pessoas (talentos) e alicerçada em métodos/processos, matéria-prima e tecnologia.
04- Paradoxo do Tempo: o autor diz que: “Neste mundo tumultuado, parece que nunca temos tempo, todavia nunca houve tantas horas disponíveis. O problema paradoxal começou quando transformamos o tempo em uma mercadoria, quando compramos o tempo das pessoas em nossas empresas em vez de comprar a sua produção. Quanto mais tempo você vende, nessas condições, mais dinheiro fará. Então, há uma troca inevitável entre o tempo e o dinheiro”. Nossa Reflexão: O tempo realmente mostra-se uma mercadoria confusa. Alguns gastam dinheiro para poupar tempo e outros gastam o tempo para poupar dinheiro. Outros, ainda, trocarão o dinheiro por tempo em certos períodos da vida, preferindo trabalhar menos por menos dinheiro. Isso torna o tempo uma espécie de bem contraditório, mas que se tornará cada vez mais importante em nossas sociedades. As pessoas realmente atarefadas gastarão dinheiro para poupar tempo, comprando equip°s. que poupam tempo para seus lares, como refeições semi-prontas e máquinas p/ trabalhos domésticos. Preferirão táxis à ônibus, guardas de crianças ao invés de educadores e jardineiros ao invés da jardinagem; se isso ajudá -los a ter mais tempo para gastar naquilo que realmente querem fazer. As suas necessidades criam uma importante oportunidade de mercado. O tempo, portanto, criou um novo setor econômico em expansão: serviços pessoais para os ocupados pouparem tempo e saúde, educação, viagens e diversões para os ricos desocupados gastarem o tempo. Criaram-se novas tecnologias, equipamentos (Ex. smartphones) e materiais para aqueles que querem gastar tempo para poupar dinheiro.
05- Paradoxo das Riquezas: o autor diz: “O crescimento econômico depende, em última análise, de cada vez mais gente desejando cada vez mais coisas. Olhando para o mundo como um todo, então, não deve faltar potencial de crescimento. Entretanto, se observarmos somente as sociedades ricas, vemos que estão gerando menos bebês a cada ano e vivendo mais tempo. Menos bebês significam menos clientes, enquanto vidas mais longas geralmente significam clientes mais pobres e mais exigentes”. Nossa Reflexão: Em nossa opinião, a sociedade da informação não se constitui num sistema estável, uma vez que está sujeita a dois poderosos agentes de transformação dos homens e das estruturas sociais. Por um lado, a TECNOLOGIA, que historicamente tem transformado as sociedades e; por outro lado, a INFORMAÇÃO, que se constitui no mais forte e poderoso fator de transformação dos homens e, conseqüentemente, das estruturas sociais. Dessa forma, a sociedade de informação está a desencadear uma avalanche crescente de mudanças, sem perspectivas de estabilização a médio e longo prazos. Caberá a cada pessoa individualmente buscar o autoconhecimento, a automotivação e o auto equilíbrio, pois a mudança em si já é grande fonte de problemas.
06- Paradoxo das Empresas: sobre este paradoxo o autor disse: “Costumávamos pensar que sabíamos como dirigir as empresas. Agora, sabemos melhor. Mais do que nunca, precisam ser globais e locais ao mesmo tempo; pequenas de certo modo e também grandes, além de centralizadas uma parte do tempo e descentralizadas a maior parte. Eles esperam que os operários sejam, ao mesmo tempo, autônomos e integrantes de uma equipe e que os gerentes deleguem mais e simultaneamente controlem mais”. Nossa Reflexão: Já é hora dos profissionais e das organizações buscarem balizar suas ações e decisões, pelo impacto que estas possam ter nos resultados finais do negócio. Assim com uma visão de contexto e não de conteúdo, as decisões devem ser tomadas respeitando a filosofia do: “Produzir mais e melhor aqueles produtos que oferecem Margens de Contribuição mais elevadas”. A certeza é uma só; como as mudanças estão ocorrendo a cada dia numa velocidade maior, ganham os mais flexíveis, os mais ágeis, as empresas que gerarem produtos e serviços de maior interesse de grandes públicos e um bom “valor agregado”.
07- Paradoxo da Idade: o autor diz que: “Todos envelhecemos, mas cada geração envelhece de modo diferente. Isso é chamado tecnicamente de fator de grupo. Cada grupo ou geração é afetada pela sua própria história. O paradoxo do envelhecimento é que cada geração se percebe muito diferente de sua predecessora, mas planeja como se a sua sucessora fosse ser igual a ela. A questão paradoxal é que será diferente”. Nossa Reflexão: Acreditamos que o maior risco de um indivíduo não será sua idade e sim sua capacidade de adaptação à evolução e às mudanças dos paradigmas em todas as áreas da vida. O risco de obsolescência de pessoas, empresas ou mesmo de uma sociedade é o de se tornar insensível a um ambiente de profundas mudanças, caracterizado por ameaças potenciais e oportunidades muito interessantes e voláteis. Há uma tendência de prestarmos muita atenção às tradições do passado muito depois destas terem perdido completamente o seu valor prático, para novas realidades do presente e perspectivas para o futuro.
08- Paradoxo do Indivíduo: o autor diz que: “Esse paradoxo já foi mais bem observado por Carl G. Jung, que há anos disse que precisamos dos outros para sermos realmente nós mesmos. O “eu” precisa do “nós” para ser totalmente “eu”. Devemos imaginar quem será o “nós” a quem queremos pertencer. Será a empresa mínima e virtual? Ou a nossa atual cidade cercada por subúrbios? Ou a família em extinção? Poderá uma rede pessoal de contatos substituí-la?” Nossa Reflexão: A complexidade que os processos de trabalho adquiriram, tanto na indústria quanto nos serviços, considerando a alta competição como decorrência direta ou não da globalização, faz com que cada vez mais tenhamos que ter foco, especialização e muita competência em nossa área de atuação. Assim, sendo não dá mais para ser superficial, com boa cultura geral, ou tentar saber tudo sobre um produto /serviço, ou mesmo um aplicativo tecnológico. Como fazer frente a esta realidade? Não tenho dúvidas que a maneira mais eficaz de enfrentar o problema aliando o talento criativo individual às ações multidisciplinares da equipe. Cada vez mais as equipes vão vencer, embora o talento individual sempre será um diferencial competitivo em tecnologia e qualidade.
09- Paradoxo da Justiça: com relação a este paradoxo: “A justiça é um fator de coesão da sociedade. Somos felizes por pertencermos a uma sociedade que nos trata bem, que nos dá o que merecemos e que é imparcial. O problema é que ´dar a cada um o que merece´ pode levar a uma série de contradições. Por exemplo, isso pode significar dar uma recompensa por uma realização ou uma punição por ofensas. Por outro lado, isso pode significar dar a cada um o que precisa. Os partidos políticos defenderão uma ou outra definição, alegando ser o partido da justiça. Ambas estão corretas?”. Nossa Reflexão: Numa tese geral e simplificada, há uma grande diferença entre capitalismo e socialismo. No capitalismo o bolo cresce e repartimos. No socialismo dividimos o bolo antes de crescer. Em um capitalismo saudável, prospera quem é mais preparado para as oportunidades que surgem. O que consideramos justo, embora no contexto da realidade atual soe um tanto quanto utópico.
Além de 1 link externo, indicamos 3 outros Posts que complementam e ampliam a temática atual: “Cidadania Ativa e Construtiva” , “5 Atitudes para uma Vida Feliz” e “Saber Ser, vale muito” .
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